Ou
não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque
fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no
vosso espírito, os quais pertencem a Deus.
Você escreve seu nome na agenda?
Tenho o
privilégio de ser médico há algumas décadas.
Pessoas consultam para tratar doenças, entender melhor algo que estão percebendo. Buscam diagnóstico, tratamento,
alívio. Cada vez mais encontro gente interessada
em identificar alterações que
podem gerar problemas
no futuro – os
fatores de risco. São poucas às vezes em que
não encontro sugestões
para uma vida
com mais qualidade
e duração mais longa. Há inúmeras mudanças em hábitos
nas nossas vidas
que comprovadamente poderão levar
a mais e melhores anos de vida. Há conhecimento científico comprovado
disponível.
Como é a adesão quando estas mudanças são propostas?
Sabe-se que mudar hábitos é difícil. Às vezes, um susto ou medo de que algo
ruim aconteça é o que motiva: passar-se por um episódio de doença, ou em
familiar ou amigo próximo, pode motivar mudanças.
Há na literatura médica farta
comprovação da dificuldade
que é manter
o uso regular
de medicamentos nas doenças
crônicas como hipertensão arterial. As pessoas cansam, sentem efeitos colaterais, esquecem, e o resultado é
a queda nos índices de aceitação.
E as recomendações de mudança de hábitos? Quando um
sedentário é identificado, sugere-se que escolha algum
tipo de atividade
física de que
goste (ou “desgoste”
menos...) e comece
gradualmente a exercitar-se.
Depois de quatro a oito semanas, começa-se a perceber sensação de bem-estar,
disposição, melhora na qualidade do sono.
Mas a transição da inatividade
para o hábito
do exercício exige
esforço e determinação
iniciais que nem
sempre se encontram. O bem-estar e até o vício pelo
exercício só vem depois. Inúmeros são os argumentos que expressam esta
resistência: “Não tenho tempo, viajo muito, não há academia próxima...” E 30
minutos de simples caminhada já seriam suficientes para a transformação,
diários ou na frequência possível! Qualquer coisa é melhor que nenhuma coisa...
Foi assim que recolhi numa palestra de Nuno Cobra a
sugestão que utilizo bastante: “Escreva seu nome em sua agenda!”. Reserve um
tempo para si próprio e sua atividade física. Você merece uma hora de alguns
dos seus dias para plantar saúde em seu corpo!
É claro que não é tão simples e que o motivo “falta
de tempo” em geral é uma das formas de resistir. Mas, em conversa franca, pode-se
chegar à
parceria com quem afinal
nos procurou, buscando
mais e melhores anos de vida.
Isto vale como parte das sugestões que se fazem aos
que têm benefícios nas mudanças: hábito de fumar, álcool e drogas, excesso
de peso corporal,
mau hábito alimentar,
postura física, segurança
no trânsito, melhora nas relações interpessoais no trabalho e na
família, tensões emocionais excessivas, falta de lazer.
Estes são alguns pontos que temos que entender e ajudar quem nos procura
para que compreenda e encontre maneiras de mudar para melhor.
Vale o esforço.
(Kanter, José Flávio – médico -. Zero Hora,
03-2-2010)